MSC, Maersk e Hapag-Lloyd suspendem atracações na Ucrânia; acompanhe

*Post atualizado quinta (24) às 23h30 com informações da Maersk;
**Atualizado sexta (25) às 11h30 com informações da CMA CGM

Crédito da foto: UP9 / Wikimedia Commons


É uma quinta-feira extremamente triste para qualquer ser humano que se importe com outros seres humanos. Por mais que a gente não costume ver e sentir a mesma comoção com outras batalhas sangrentas que eclodem com alguma frequência no continente africano e em regiões menos comentadas do Oriente Médio, é sempre desesperador e frustrante ver um país invadindo outro e botando vidas em risco sem absolutamente qualquer justificativa plausível para isso.

Enquanto as nossas vidas aqui seguem de alguma forma, vamos tentando atualizar a situação do transporte marítimo internacional no que diz respeito à invasão da Ucrânia e seus impactos na cadeia global. Esse post provavelmente será atualizado ao longo do dia com mais informações.

Portos fechados

Logo no início da manhã, a agência de notícias Reuters já informava que os portos ucranianos foram fechados para navegação comercial. Sites especializados também ecoam que o porto de Odessa, o maior do país, foi fechado pelas autoridades.

Abaixo, um print do MarineTraffic feito às 14h45 desta terça-feira mostra diversos porta containers (ícones em verde) atracados em Odessa, em portos nos arredores ou ao longo da costa. Ou seja, aparentemente, ainda há vários navios comerciais na região.

Foto: Reprodução / MarineTraffic

Pra cobrar multa, são ligeiros…

…mas a maioria dos armadores demorou bastante para emitir comunicados oficiais sobre o assunto e esclarecer a situação de suas operações. Se você recebeu algum comentário dirigido aos clientes, entre em contato pela caixa de comentários ou no e-mail felipe@containerdiario.com

MSC

A MSC divulgou um comunicado oficial no seu site dizendo que está interrompendo momentaneamente a operação de seus navios nos portos ucranianos.

Por enquanto, nossos navios não vão atracar nos portos da Ucrânia e nós estamos implementando diversas outras alterações operacionais para outros navios que atuam na nossa rede de portos no Mar Negro. Nesses casos, vamos declarar a viagem encerrada no último porto antes da Ucrânia. “

“Os depósitos nos hubs da região já estão sobrecarregados e entendemos que o impacto da situação da Ucrânia deve trazer ainda mais desafios para as cadeias de suprimentos que já estão bastante afetadas.” (Leia o comunicado completo aqui, em inglês).

A empresa continua operando normalmente na Rússia.

Hapag-Lloyd

A Hapag-Lloyd soltou um comunicado no momento em que eu publicava esse post. O armador alemão deu stop booking para embarques da Ucrânia e suspensão temporária de bookings para a Rússia.

“Nosso escritório em Odessa está fechado até novo aviso, e todos os nossos executivos estão trabalhando de casa. As operações de terminal e os transportes terrestres estão interrompidos”.

Confira o comunicado (em inglês)

Maersk*

*Tópico atualizado às 23h30 desta quinta-feira (24)

A Maersk emitiu comunicado dizendo que interrompeu as atividades na Ucrânia e que instruiu seus funcionários a trabalharem de casa em local seguro.

“As circunstâncias atuais implicam que a Maersk decidiu não operar em nenhum porto na Ucrânia até segunda ordem e que não irá mais aceitar novos embarques da e para a Ucrânia até segunda ordem.”

“Os serviços na Rússia, no entanto, continuam disponíveis no momento mas estão potencialmente sujeitos a alterações conforme as coisas desenvolvem.”

Leia o comunicado completo (em inglês)

Comentário do editor

É esperado que uma empresa cumpra o seu trabalho. Se o seu trabalho envolve operar na Rússia, e se na Rússia há condições e estabilidade para realizar o seu trabalho, então é esperado que tal empresa realize o seu trabalho na Rússia.

Mas quando empresas (que lucraram bilhões nos últimos meses) decidem não operar em um país porque há riscos para as operações e para seus funcionários, mas optam por continuar operando no país que está atacando e causando esses mesmos riscos… Mais que uma contradição, me parece uma complacência terrível.

CMA CGM**

**Tópico incluído às 11h45 desta sexta-feira (25)

A CMA CGM divulgou um comunicado dizendo que interrompe as operações. Seus navios vão omitir o porto de Odessa e as cargas que já estavam em águas serão redestinadas para os portos de Constanza (Romênia), Tripoli (Líbia) ou Piraeus (Grécia). Novos bookings de e para Odessa estão suspensos.

“Nos últimos dias, tomamos todas as medidas necessárias para proteger nossos funcionários e garantir, ao máximo possível, a continuidade das cadeias de suprimentos. A segurança de nossos funcionários na Ucrânia e suas famílias é o nosso foco principal. Somos gratos de informar que, até o momento, todos estão estão seguros”.

O comunicado não menciona se a empresa continua operando na Rússia ou não. Leia na íntegra.

Rússia bloqueia o Mar de Azov

O site FleetMon e outros portais de notícia informam que a Rússia teria bloqueado a navegação comercial no Mar de Azov.

Confesso que não sabia da existência desse local. Conforme Wikipedia, é um pedaço de mar separado por um estreito do restante do Mar Negro. No lado leste do estreito, está a Rússia; do lado oeste, a Crimeia ocupada pela Rússia. Ao norte, o Mar de Azov encontra a Ucrânia.

Os portos ucranianos no Mar de Azov seriam de menor importância comercial, já que são águas de pouca profundidade. No entanto, quem estudou Relações Internacionais sabe que acesso ao mar é poder.

Crédito: Norman Einstein – Wikimedia Commons

Embarcações civis atingidas

O site russo PortNews afirma que dois navios cargueiros civis russos foram atingidos pelas forças ucranianas. Um tripulante estaria gravemente ferido.

O site FleetMon, em post assinado pelo russo Mikhail Voytenko, afirma que um graneleiro turco foi atingido por forças russas, mas sem informações de feridos nesse incidente.

Pois, então. Pessoas inocentes foram e serão atingidas. O nome disso é guerra.

DSV também paralisa as atividades

A gigante da logística integrada DSV emitiu um comunicado oficial dizendo que também está interrompendo as atividades no país.

…a Ucrânia declarou lei marcial por causa da situação atual envolvendo o país. Consequentemente, a DSV interrompeu todas as atividades no país até segunda ordem. Isso engloba todas as atividades na Ucrânia, incluindo todos os escritórios na Ucrânia, que estão fechados por tempo indeterminado para evitar riscos desnecessários e manter nossos colaboradores seguros.”

“A DSV entende que os desdobramentos na Ucrânia aumentarão as dificuldades operacionais na região inteira, incluindo na Rússia, em todos os modais de transporte. A situação é considerada como força maior, e já está impactando também as operações da DSV em outros países da área.”

Leia o comunicado completo (em inglês)

Fontes: Reuters, MSC, Hapag-Lloyd, Maersk, PortalPortuário, FleetMon, DSV, PortNews, FleetMon, CMA CGM

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